sexta-feira, 5 de outubro de 2012


Ecoturismo destinado a pessoas deficientes e
com mobilidade reduzida

Daniel Borini Alves
Thaimon da Silva Socoloski

A acessibilidade vem ocupando cada vez mais lugar de destaque nas discussões acadêmicas, das mais variadas áreas científicas e implantada em projetos de inclusão social, nos mais variados âmbitos. Neste contexto, observa-se que os deficientes e as pessoas com mobilidade reduzida, que antes eram tratados muitas vezes pela sociedade como inválidos e incapazes de desempenhar qualquer atividade, condenados à isolação econômica e social, atualmente vem conquistando cada vez mais seu espaço na sociedade e no mercado de trabalho (SASSAKI, 1997).
E dentro dessa perspectiva, com o intuito de sair da rotina de trabalho e da agitação dos grandes centros urbanos, este público busca, ao desfrutar de seus momentos de lazer, atividades em meio à natureza, como por exemplo a atividade de ecoturismo. O ecoturismo é uma das atividades turísticas que mais crescem no Brasil e no mundo, dessa forma, faz-se necessário a adequação das suas infraestruturas e de seus serviços para que o público com mobilidade reduzida e com deficiência possa desfrutá-las (Figura 1).



Figura 1. Exemplo de uma adaptação sendo realizada no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, visando à possibilidade de circulação de cadeirantes.
Fonte: Disponível em <http://parnatijuca.blogspot.com.br/2011/06/trilha-para-portadores-de-necessidades.html>. Acesso em 04/10/2012.

Para tanto, os turismólogos, os geógrafos, os arquitetos e outros profissionais que discutem a atividade ecoturísca devem planejar o destino turístico e os atrativos turísticos que ali se encontram com o intuito de adequá-los às necessidades deste público, a fim de que possam desfrutar dos espaços turísticos e não turísticos com autonomia e segurança, princípios básicos para a ocorrência da acessibilidade. Para auxiliar tais profissionais neste planejamento algumas leis e normativas devem ser consideradas, tal com a Lei de Acessibilidade (Decreto 5296), criada em 2004 e a norma da ABNT NBR 9050 (2004), que consideram as adequações físicas dos estabelecimentos, públicos ou privados, e dos serviços prestados por eles.
Essas leis e normativas estabelecem uma série de critérios que qualificam o atendimento as necessidades desse público. Inclui-se uma série de elementos, como por exemplo, as dimensões de banheiros acessíveis, o tipo de piso mais adequados de acordo com diferentes deficiências e inclusive a preparação de profissionais para o atendimento especializado (como a formação de profissionais fluentes em LIBRAS). Para atividades de ecoturismo, muitas vezes associadas a trilhas em meio a natureza, há uma série de fatores específicos, como a dimensão e inclinação do terreno que devem ser consideradas.
O Ministério do Turismo (2009, 2010) também vem trabalhando para a inserção da acessibilidade nas atividades turísticas, produzindo materiais que esclarecem especificidades necessárias para adaptação turística a essa público, não só em relação à infraestrutura, mas também aos serviços que podem ser disponibilizados. Produziu-se em 2009 o encarte “Turismo acessível: introdução a uma viagem de inclusão” e em 2010 o “Caderno de Orientações Básicas de Segmentos Turísticos – Ecoturismo: Orientações Básicas”, que são materiais disponíveis (Figura 2) para que os profissionais que trabalham com essas atividades possam ter algumas bases de orientação para suas práticas.


           
Figura 2. Materiais organizados pelo Ministério do Turismo buscando orientar a acessibilidade nas atividades turísticas. A esquerda a capa do encarte “Turismo Acessível: Introdução a uma viagem de inclusão” (2009), e à direita a capa do material “Ecoturismo: Orientações Básicas” (2010).
Fonte: Disponíveis em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Cartilha-1Verde.pdf> e <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Ecoturismo_Orientacoes_Basicas.pdf>. Acesso em 04/10/2012.


Porém, ao discutir-se adaptações em âmbito natural para a atividade ecoturísca destinada a esse público, deve-se ter cuidado para que as alterações, que geralmente exigem maior artificialização, sejam feitas respeitando a resiliência do ambiente, priorizando a conservação ambiental a partir de um plano de manejo adequado. Mas de qualquer maneira deve-se levar em conta que a abertura desses espaços para a visitação é pensada no contexto de que a atividade de ecoturismo pode promover a sensibilização desses turistas, podendo contribuir para o processo de conservação dessas áreas sob novos olhares da relação homem-natureza.

Exemplos de atividades de ecoturismo acessíveis no Brasil

Busca-se a partir de agora apresentar alguns exemplos representativos no âmbito nacional que envolve atividades de ecoturismo acessíveis a pessoas deficientes e com mobilidade reduzida
Um exemplo representativo ocorre em uma série no município de Socorro/SP, onde o Mistério do Turismo, em parceria com a Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (AVAPE), realizou o projeto Sensibilização para o Turismo Acessível. Por meio deste projeto foi possível mapear a acessibilidade turística da cidade a fim de planejar a atividade turística com atendimento adequado e profissional para este público.
Nessa cidade realizaram-se uma série de projetos, tais como as obras de acessibilidade no Portal Colonial, Portal Lions, no Mirante do Cristo, Centro de Eventos, Horto Municipal, adaptações no Centro Histórico e Comercial e implantação do conjunto de semáforos sonoros. Em uma recente matéria o programa “Fantástico” apresentou-se um roteiro de ecoturismo associado a uma atividade de turismo de aventura no Centro de Ecoturismo adaptado para pessoas com deficiência, como demonstra o vídeo.


Alencar (2012) apresenta análise de atividades de ecoturismo acessível em alguns Parques no Estado de São Paulo. De acordo com a análise da autora, existem três Parques acessíveis para atividades de ecoturismo: o Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Picinguaba; Parque Estadual do Jaraguá; Parque Estadual Caverna do Diabo.
O primeiro deles apresenta roteiros que envolvem populações tradicionais, com quilombos, índios e caiçaras, além de uma vasta biodiversidade com espécies de onças, antas e macacos. Como atrativos apresenta alguns atrativos como o Pico do Corcovado e a Praia da Fazenda. O segundo, Parque Estadual do Jaraguá, possibilita a realização de atividades interpretativas riquezas históricas e os atrativos de fauna e flora preservados. No terceiro e último Parque analisado, o Parque Estadual Caverna do Diabo, que integra o Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga, sendo que a unidade possui rico ecossistema com fauna e flora variadas, tendo como principal atrativo a Gruta da Tapagem, mais conhecida como Caverna do Diabo (Figura 3), que atrai visitantes do mundo inteiro.


Figura 3. Visitante cadeirante junto a Caverna do Diabo no Parque Estadual Caverna do Diabo.
Fonte: Disponível em: <http://www.revistacca.com.br/2012/05/ecoturismo-parques-acessiveis.html>. Acesso em 04/10/2012.

É relevante se destacar ainda aqui algumas referências interessantes de endereços de sites disponíveis para leitura e informação relacionada a atividades de turismo e acessibilidade como o blog “Cadeira Voadora” e o site  “Turismo Adaptado”. O blog é de autoria da cadeirante Laura Martins, que adora viajar e em algumas de suas postagens relata essas viagens discutindo entre outras questões as dificuldades dos roteiros em torno da acessibilidade. O site se refere a uma iniciativa de um também cadeirante, bacharel em Turismo, que apresenta alguns materiais e disponibiliza alguns serviços para pessoas com diferentes tipo de deficiências.


REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário espaços e equipamentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo Acessível: Introdução a uma Viagem de Inclusão. v. 1. Brasília: Ministério do Turismo, 2009.

BRASIL. Ministério do Turismo. Caderno de Orientações Básicas de Segmentos Turísticos – Ecoturismo: Orientações Básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2010.

BRASIL. Lei de Acessibilidade, Decreto-lei 5296 de 2 de dezembro de 2004, Publicado no D.O.U, nº 232, sexta-feira, de 03 de dezembro de 2004.

SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro, RJ: WVA, 1997.

Ecoturismo e desenvolvimento local




ECOTURISMO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Um dos princípios básicos do ecoturismo é fazer com que as  comunidades locais se beneficiem economicamente da atividade turística, valorizando e preservando suas riquezas culturais e ambientais, para isto a comunidade local deve fazer parte do projeto de ecoturismo.
O  ecoturismo com base local alavanca os principais objetivos dessa atividade: preservação/conservação ambiental, identidade cultural, geração de ocupações produtivas e de renda, desenvolvimento participativo e qualidade de vida. O efeito multiplicador da atividade ecoturística é uma conseqüência positiva para o desenvolvimento local.
Para a comunidade se inserir dentro do ecoturismo e alavancar o desenvolvimento social, ambiental e econômico é necessário um treinamento e capacitação de membros da comunidade, adequando cursos a realidade local.
A capacitação desta comunidade deve estar voltada para um projeto com foco no ecoturismo, e não ao turismo convencional ou de massa, que caracteriza-se por dominar o turismo de uma região, contribuindo muito pouco para a comunidade residente.
Este é um dos maiores problemas enfrentados pelas econômicas e comunidades locais, com o turismo convencional ou de massa  ocorre a centralização das operações turísticas nas mãos de empresas, no qual se preocupam com a maximização dos lucros acabando por substituírem os produtos e e a mão de obra local.
Dentro da perspectiva do ecoturismo, este pode ser entendido como um agente para o desenvolvimento endógeno, com o aproveitamento dos recursos naturais e pessoais, estimulando o crescimento econômico, criando emprego, renda e riqueza, sobretudo melhorando a qualidade de vida e bem estar social da comunidade local.
Entre o s benefícios sociais advindos do ecoturismo, este pode contribuir para o desenvolvimento de infra-estruturas básicas, urbanas e de acesso, proporcionando comodidade e conforto aos usuários e moradores locais.
Como benefícios econômicos o ecoturismo pode apresentar novas fontes de renda em decorrência dos serviços criados, como guias, pousadas e restaurantes.
O desenvolvimento acontecerá a partir da participação da comunidade, tendo representatividade nas ações do projeto, estabelecendo também parcerias para a viabilidade destas ações, que devem promover as potencialidades da região dinamizando a economia em conjunto com a qualidade de vida da população local, com uma visão de sustentabilidade procurando preservar as riquezas naturais e culturais da localidade para as futuras gerações.
Este envolvimento e engajamento a comunidade para a implantação do projeto poderá assegurar a longevidade do projeto.
 O envolvimento total das comunidades no setor do turismo não só traz benefícios a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade da experiência do turista.
Para ocorrer o desenvolvimento a partir de um projeto de ecoturismo é muito importante que as comunidades locais mantenham sua originalidade e autenticidade, onde cada comunidade possui sua trajetória e potencialidades, isto reflete a sua identidade cultural, a participação deve ter como estratégia tornar visível esta identidade cultural.
Esta cultura local é muito importante e deve ser valorizada para o visitante, complementando as riquezas naturais.
Como exemplo cito o caso da gestão do turismo pela comunidade local da Praia do Aventureiro, na Ilha Grande, município de Angra dos Reis, RJ. Que teve como uma mobilização intitulada Pró-Aventureiro, no qual buscava o direito dos moradores do aventureiro de ali se manterem e realizarem atividades relacionadas ao turismo. A Praia do Aventureiro foi inserida dentro dos limites da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, criada em 1981, ali já residia uma comunidade de pescadores com cerca de 300 anos. Após muitos conflitos por parte de moradores, turistas, órgãos públicos e ONGs ambientais, em 2007 houve a volta dos turistas, que visitam a área sob as novas regras, que entraram em vigor após o acordo entre todas as partes. Na alta temporada chegava a ter 2000 turistas e hoje é permitido no máximo 540 turistas. A Praia do Aventureiro foi retirada dos limites da reserva biológica e deu início a um processo para a criação de uma reserva de desenvolvimento sustentável, numa configuração em que os moradores do aventureiro ja vem há anos adaptando seu modo de vida à existência de uma reserva e se relacionando com o turismo de uma maneira singular associada ao seu modo de fazer a própria vida.


  
Deste modo conclui-se que o ecoturismo pode exercer em comunidades e economias locais um grande potencial transformador, como uma ferramenta tanto de conservação como do desenvolvimento local nos espaços naturais protegidos e suas populações tradicionalmente locais. 

Referências:
Carlos N. de Carvalho, Joana Rodrigues, Armindo Jacinto. Geoturismo e desenvolvimento local. Printmor. Idanha-a-Nova, Portugal. 2009.

Roberto Bartholo, Davis G. Sansolo, Ivan Burstyn (org). Turismo de base comunitária: diversidades de olhares e experiências brasileiras. Letra e Imagem. Rio de Janeiro. 2009.

Sylvia Mitraud (org). Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. WWF Brasil. Brasília. 2003.

IMPACTOS AMBIENTAIS DO TURISMO


     O Turismo e o Meio Ambiente possuem uma estreita relação de dependência. Toda atividade turística depende de um ambiente para acontecer, e esse ambiente seja ele natural ou não, sofre um processo de descaracterização em seu cenário natural pela ação humana.





      Cooper et.al. (2007 p. 210) afirma que "Assim que a atividade turística ocorre, o ambiente é inevitavelmente modificado, seja para facilitar o turismo, seja através do processo de produção do turismo". A natureza é essencial para o desenvolvimento da atividade turística, e sem dúvida desperta fascínio nas pessoas, que buscam no contato com a mesma, recuperar suas energias e aliviar as tensões do dia a dia.    O Turismo e o Meio Ambiente possuem uma estreita relação de dependência. Toda atividade turística depende de um ambiente para acontecer, e esse ambiente seja ele natural ou não, sofre um processo de descaracterização em seu cenário natural pela ação humana.
       Ruschmann (2003) destaca o grande fluxo de turistas que procura afastar-se do estresse e da falta de "verde", típicos da vida urbana, o que pode resultar em um comportamento alienado em relação ao meio que visita. A autora afirma que os turistas não possuem uma "cultura turística" e entendem que seu tempo livre é sagrado e que por isso, têm o direito de usufruir pelo que pagaram não se sentindo responsáveis pela degradação do meio ambiente.
   Os impactos ambientais advindos do turismo se dão devido às modificações e transformações que essa atividade ocasiona no meio natural. Como aponta (RUSCHMANN 2012), os impactos são resultados de um processo de interação complexo entre os turistas, as comunidades e os meios receptores e não de uma causa específica.
     De acordo com Ferreira (2008) apud Cruz (2001) com o grande aumento da indústria turística, houve a necessidade de aumentar e instalar a infraestrutura; como os meios de hospedagens, restaurantes, saneamento básico, etc., de forma inadequada sem saber os seus efeitos sobre o ambiente local.      
      A infraestrutura é um componente importante para o turismo, mas sua estreita relação entre os projetos turísticos e a qualidade do meio ambiente faz com que os impactos ambientais negativos destes empreendimentos causem degradação ao meio ambiente. Sendo assim os principais impactos negativos dos projetos turísticos:
·Aumento da geração de resíduos sólidos;
·Aumento da demanda de energia elétrica;
·Aumento do tráfego de veículos;
·Aumento da utilização e da necessidade de abastecimento de água potável;
·Alteração sobre o estilo de vida das populações nativas;
·Aumento sazonal de população com diversas implicações sobre a área afetada, sua infraestrutura e sua população nativa;
·Contaminação da água dos rios e mares, devido ao aumento de esgotos não tratados;
·Deslocamento e marginalização das populações locais;
·Degradação da paisagem, devido à construção inadequadas de edifícios;
·Necessidade de implantação de obras de infraestrutura causadoras de impactos negativos, tais com: estradas, sistemas de drenagem, aterros;
Quanto aos impactos ambientais decorrentes da exploração desordenada e mal planejada, destacam se três, sob a ação direta da sua utilização.

  • Fauna - Os impactos em relação à fauna ainda não são bem conhecidos, mas sabe-se que existe uma alteração quanto ao número de espécies, tendo um aumento das espécies mais tolerante a presença do homem, uma diminuição aos mais sensíveis.


    • Solo - Os principais impactos causados ao solo são: a compactação e a redução da capacidade de retenção de água pelo solo, alterando assim a capacidade de sustentar a vida vegetal e animal do ambiente, seguido pela erosão.


      • Vegetação - Os impactos causados levam a extinção local de plantas por choque mecânico diretamente e indiretamente causado pela compactação do solo, a erosão deixa de maneira exposta às raízes das plantas comprometendo sua sustentação e tornando - as vulneráveis a contaminação de suas raízes por pragas, além das alterações que ocorrem no ambiente. 



    São devido a motivos como a poluição sonora, lixo e resíduos sólidos, degradação de ecossistemas frágeis, perda da biodiversidade, compactação dos solos resultante do pisoteamento,  perda da cobertura vegetal e do solo, aceleramento de processos erosivos,  fuga da fauna nativa, entre outros; que há a necessidade de cuidados para o bom andamento da atividade turística, visto que resultados irreversíveis podem comprometer as áreas de visitação, já que o que a demanda desta modalidade turística busca são os ambientes conservados, mais próximos do natural possível.
                Para isso, é de suma importância que ocorram reflexões e discussões sobre os impactos oriundos da atividade turística sobre o patrimônio natural, apontando propostas para  minimizar os impactos negativos e  aperfeiçoar os impactos positivos, é importante deixar claro que o turismo não apenas traz impactos negativos, existem vantagens em se desenvolver a atividade. E é por este motivo que a atividade deve ser bem conduzida e planejada. Desta forma, são necessários estudos que busquem minimizar ao máximo a degradação ambiental das áreas receptoras.

    Fernanda Kerber
    Franciele Silva


    REFERÊNCIAS

    Blog do Professor Omar Furst. Turismo x Impacto. Belo Horizonte, 2012. Disponível em: http://bibocaambiental.blogspot.com.br/2012/05/turismo-x-impacto.html. Acesso em: 03 out. 2012.
    COOPER, C. et al. Turismo: Princípios e Práticas. São Paulo: ARTMED, 2007.
    CRUZ, R. de C. A. da. Introdução a geografia do turismo. São Paulo: Roca, 2001.
    RUSCHMANN, D. V. de M. Turismo e Planejamento Sustentável: a proteção do meio ambiente.7º. ed. Campinas, SP : Papirus, 2003.199 p.
    RUSCHMANN, D. V. de M.; PAOLUCCI, L.; MACIEL, N. A. L. Capacidade de carga no planejamento turístico: estudo de caso da Praia Brava – Itajaí frente à implantação do  complexo turístico habitacional canto da brava. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, vol.2, n. 2, 2008. Disponível em: http://revistas.univerciencia.org/turismo/index.php/rbtur/article/view/102/142. Acesso em: 03 out. 2012.




CAPACIDADE DE CARGA EM TRILHAS


O conceito de Capacidade de Carga (CC) significa o nível de exploração que os recursos naturais de uma determinada região podem suportar, assegurando em simultâneo a máxima satisfação dos visitantes e o mínimo efeito sobre o meio ambiente. A determinação da CC deve ser entendida como uma ferramenta de planejamento que sustenta decisões de manejo. O valor da CC inicialmente calculado pode variar de acordo com as circunstâncias e, por isso, são necessárias revisões periódicas como parte sequencial de planejamento e gestão da unidade.

A Capacidade de Carga Física (CCF) admite que cada visitante ocupe um espaço físico mínimo em um tempo determinado, o que define o limite máximo de visitas realizáveis neste espaço-tempo. 
Estudos de capacidade de carga turística em áreas naturais consideram vários fatores de análise, como:

·         Tamanho da área e espaço utilizável pelo turista
·         Fragilidade do ecossistema a ser visitado

Geralmente, em uma área com o objetivo de fornecer atividades de lazer aos visitantes, a capacidade de carga é maior do que se ela fosse destinada à educação ambiental.


Bruna Camila Dotto
Samanta Diuli Altermann

Referências

Peccatiell, A. F, O. Análise ambiental da capacidade de Carga antrópica na trilha principal do circuito pico do pião - parque Estadual do Ibitipoca, MG. Juiz de Fora, MG. 2007. 60f. Dissertação – Universidade Federal de Juiz de Fora.

PRADO, M. V. P.; ANDRADE, J. R.L; FACCIOLI, G.G: Turismo sustentável e capacidade de carga dos atrativos turísticos no município de Canindé do São Francisco/SE: uma reflexão dos aspectos metodológicos.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Ecoturismo: orientações básicas. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo. Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico. Coordenação Geral de Segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2008.  





TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA


          O Turismo brasileiro enquanto setor econômico é reconhecido como importante gerador de divisas capaz de gerar oportunidades de trabalho e renda e de contribuir para a redução das desigualdades regionais e sociais em diferentes pontos do nosso território, é claro que para isso acontecer temos que ter um planejamento eficaz, ou seja, que envolva todos os atores na atividade turística e nos lucros provenientes da mesma. E foi pensando nisso que o governo federal criou o Plano Nacional do turismo, o qual consiste em uma ferramenta de planejamento e ação estratégica do governo federal, para estruturação e ordenamento da atividade turística, com respeito aos princípios da sustentabilidade econômica, ambiental, sociocultural e político-institucional.
            Percebendo-se toda a diversidade socioambiental que forma o território brasileiro, viu-se ai uma possibilidade para o desenvolvimento de atividades turísticas, atividades as quais estariam totalmente integradas às comunidades onde esta prática se desencadearia, surgindo então uma oportunidade de desenvolvimento local para estas pessoas que ali habitam e que passariam a usufruir dos ganhos da atividade turística. A este processo deu-se o nome de turismo de base comunitária, pois são serviços ofertados por comunidades locais.
            Este tipo de segmento turístico no Brasil é ainda pouco conhecido, todavia tem sido visível como campo de estudo e como demandante de uma ação mais efetiva por parte do poder público, para que estas comunidades até então consideradas “atrasadas” possam ter uma nova oportunidade de renda, além de promover o desenvolvimento sustentável local e a inclusão social, em virtude das características peculiares da organização e estruturação dos produtos e serviços turísticos denominados como de base comunitária, o qual levará ao melhoramento das condições de vida das populações que ali vivem.
No Rio Grande do Sul temos alguns exemplos de turismo de base comunitária, em Santo Antônio da Patrulha, na zona rural de porto alegre, além de outros locais como visitações em comunidades indígenas nas missões que mostram o pouco da cultura mantida pelos índios missioneiros da região. Nestas comunidades o turista tem contato com diversidades naturais e culturais. Em Santo Antônio da Patrulha, por exemplo, o contato com a comunidade local pode ser feito de diversas maneiras, seja nas visitas a locais de lidas rurais, nas visitas a museus ou no conhecimento do artesanato e da culinária locais. É interessante, por exemplo, ir à Rota da Cachaça, para degustar o aguardente típico da região e manter boas conversas com os produtores.


Em Porto Alegre o projeto abrange 11 bairros da zona rural da cidade denominada rururbana ou periurbana, que ocupa 30% do município. No século
XIX, essa área era ocupada por grandes estâncias e hoje se encontram nela pequenas propriedades de expressiva agricultura familiar e agroecológica. Aqui o visitante irá encontrar diversas possibilidades, como a canoagem, passeios a cavalo, ciclismo, windsurfe, pescarias, acampamento em ambiente natural, praias ou mesmo uma simples caminhada.

    



O turismo de base comunitária se mostra como importante forma de sustentabilidade e aproveitamento pela população local valorizando sua cultura e protegendo o ambiente em que habitam.

Postado por: Maiquel Rossato e Marciele Simon Carpes



REFERÊNCIAS

Fomento ao turismo de base comunitária: a experiência do Ministério do Turismo. In: Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Org. Bartholo, R.; Sansolo, D.G; Bursztyn, I.

Turismo de base comunitária como alternativa para a Inclusão social. Maria Clara Silva Machado & Luciana Bittencourt Villela olhares e experiências brasileiras

Ecoturismo e Identidade Cultural


Rafael Bilhan Freitas,  Ronaldo Facco

O ecoturismo tem sido uma das principais atividades promotoras do desenvolvimento local de comunidades tradicionais. Muito alem do que apenas turismo realizado em áreas naturais, o ecoturismo deve buscar atender as necessidades básicas da população local, buscando também a manutenção da diversidade cultural e tradições da comunidade e alem disso garantir a participação da comunidade nas tomadas de decisão. Segundo Instituto EcoBrasil:
O turismo de base comunitária é o tipo de turismo no qual a comunidade organiza e presta serviços para os visitantes, tais como: trabalhar como "guia" local, levar para pescar, para conhecer a roça, a casa de farinha, oferecer hospedagem, alimentação etc.

Um bom planejamento da comunidade nas atividades prestadas aos turistas diminuiria o risco gerado pelo contato com outras culturas, sendo assim, segundo BARTHOLO:
O turismo não é isento de riscos ou ameaças; a comunidade deve conhecê-los e debater sobre estes antes de iniciar um negócio e durante todo o seu ciclo de vida, a fim de salvaguardar seus interesses e minimizar os efeitos indesejáveis. Mais do que uma simples abertura ao exterior, com o turismo as comunidades enfrentam uma série de desafios para os quais, muitas das vezes, não estão preparadas.

Em outras palavras o que pode ser interessante para a comunidade trabalhar com ecoturismo:

- Valorizar o lugar onde a comunidade vive e interação com o “mundo lá fora”;

- Trazer benefícios econômicos, promovendo a melhoria da qualidade de vida;

- Preparar a comunidade para o turismo e também para outras atividades econômicas.



Em contra ponto aos benefícios que o ecoturismo pode trazer, há muitos malefícios, tanto para a comunidade local e o meio ambiente, por exemplo:

- Produção de lixo;

- Falta de respeito com a cultura;

- Risco de transmissão de doenças;

- Exploração da mão-de-obra comunitária;

- Comércio de artesanato abaixo do valor justo.

Segundo CAMPOS (2011):
[...] a despeito dos benefícios que o ecoturismo apresenta,  há que se considerar o risco da desestruturação cultural da comunidade. Portanto, acredita-se  que a participação comunitária no planejamento da atividade turística seja essencial para o  fortalecimento da identidade local e para a conservação ambiental e cultural da região.

Partindo do pressuposto que a atividade turística pode trazer benefícios sociais e econômicos para uma localidade, é essencial realizar um planejamento focado na realidade da comunidade. Sendo assim a autogestão dessa atividade pela comunidade é uma das estratégias para beneficiar, tanto o turista como a população local

Referências

Campos, R.F. Valorização da identidade cultural de uma comunidade quilombola: o ritual do candombe como atrativo turístico da Serra do Cipó (MG). Anais do VIII Congresso Nacional de Ecoturismo e do IV Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.4, n.4, 2011, p. 510.

Bartholo, R. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: letra e imagem, 2009.

EcoBrasil. Manual Caiçara de Ecoturismo de Base Comunitária. [s.l,sn].




Ecoturismo e Educação Ambiental

A relação de dominação que os seres humanos estabeleceram com a natureza, resultado de um pensamento gerado pela modernidade, resultou em uma crise ambiental vivenciada atualmente.  Esta relação de dominação promoveu um afastamento entre homem e natureza e este afastamento resultou na exploração desmedida dos recursos naturais em nome de um desenvolvimento econômico, caminhando assim para esta crise ambiental.
Todavia, após as décadas de 1960 e 1970 emergiram novas questões ambientais de revalorização da natureza e proteção dos recursos naturais. Começaram a aparecer idéias de um desenvolvimento sustentável como uma forma de reaproximação entre homem e natureza. Esta valorização do ambiente é resultado de uma difusão de um pensamento ambientalista que, aliado à degradação das condições de vida nas grandes cidades vem estimulando um retorno e uma revalorização da natureza e das tradições locais por parte das populações urbanas. Os grandes centros urbanos são caracterizados pela poluição visual e sonora, a violência e o congestionamento, o que acaba provocando um desgaste físico e mental das pessoas. Como forma de amenizar as agressões do continente urbano uma grande parcela das viagens de férias passou a ter como destino o meio natural. Esta nova forma de turismo foi favorecida por uma série de fatos, entre eles se destaca a importância e necessidade de conservação ambiental, a busca de uma melhor qualidade de vida e a necessidade de realização de práticas diferentes do cotidiano.
Neste contexto uma das formas do homem se aproximar da natureza é através do Ecoturismo. O Ecoturismo configura-se como uma tipologia de turismo nova, tendo como principal característica o aproveitamento do patrimônio natural de forma sustentável, buscando sua proteção por meio da sensibilização e da educação ambiental. Segundo Wearing; Neil (2001) o Ecoturismo pode ser descrito como um turismo interpretativo, de mínimo impacto, discreto, em que se busca conservação, o entendimento e a apreciação do meio ambiente e das culturas visitadas. A palavra “interpretativo” denota a importância das atividades ecoturísticas estarem voltadas à educação ambiental.  A educação ambiental é um estilo de educação e esta é aplicada através normas e ações educativas para a realização de determinados conhecimentos, atitudes e valores na formação das pessoas que estão preocupadas com a conservação ambiental. O propósito fundamental da educação ambiental é aproximar os visitantes das questões ambientais. Então, a educação ambiental e uma atividade educativa que se propõe revelar significados e inter-relações por meio de uso de objetos originais, no contato direto dos visitantes com o ambiente. Este contato direto visa estimular o público para o entendimento e conscientização sobre o meio natural e o seu objetivo básico é revelar os fenômenos naturais, seus significados e relações.   
Dessa forma, o Ecoturismo vem ser uma atividade que valoriza os aspectos ambientais visando a satisfação das necessidades educacionais e de consciência ambiental de turistas que buscam um turismo diferente, alternativo às condições atuais da vida urbana. E esta consciência ambiental é adquirida através da educação ambiental que busca novas perspectivas sobre o meio natural que precisa ser preservado e regenerado.

Referências:

- BOLÓS, M. De. Manual de ciência Del Paisaje Teoria, métodos y aplicationes. Barcelona: Ed Masson, S.A. 1992

- DEGRANDI, S. M.; FIGUEIRÓ, A. S. Ecoturismo e Conservação do Patrimônio Natural: um caminho para o (des)envolvimento?. Revista Geografia, Ensino & Pesquisa. Disponível em: < http://cascavel.ufsm.br/revistageografia/index.php/revistageografia >.

- OLIVEIRA, SUÊNIA. C. C.; MELO, R. S. As trilhas do Jardim Botânico Maranhão (João Pessoa – PB) como recurso para interpretação ambiental. Caderno virtual de turismo, Vol. 9 Núm. 2, 2009, pp. 113-125. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=115412528010 >

- WEARING, S.; NEIL, J. Ecoturismo: impactos, potencialidades e possibilidades. São Paulo: Editora Manole, 2001.

Por: Luiz Paulo Souza e Lucas Pettine. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Turismo e conservação do patrimônio natural

          Turismo pode ser definido, segundo Ministério do Turismo (2008), como “atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a 1 (um) ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras”.


No seu atual estágio de evolução o turismo passou a considerar, além do fator econômico de suas práticas, os problemas relacionados ao meio ambiente. Esta mudança de perspectiva trata-se de uma nova visão do turismo onde se destaca a revalorização do meio natural.
Dentre os novos segmentos do turismo que surgem no mercado, tem-se o ecoturismo ou turismo ecológico. Segundo a Embratur o ecoturismo se define como:

um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações locais” (1994, p.19).


            A respeito do Patrimônio Natural, Liccardo afirma como o legado de objetos naturais e atributos intangíveis que engloba a fauna e flora, geologia, paisagem e formas de relevo. Compreende ainda, áreas de importância preservacionista e histórica, beleza cênica ou áreas que transmitem à população a importância do ambiente natural.
Ainda segundo Liccardo, a Questão Ambiental no contexto na visão da ecologia geral promoveu discussões sobre o modelo de intervenção da sociedade na natureza, refletindo sobre os processos humanos sobre a paisagem natural. Esses debates contribuíram na construção do pensamento crítico sobre o modo de produção da sociedade, possibilitando a criação de novas atitudes que considere o meio ambiente como ponto central no futuro da sociedade humana.

Nesta relação, os recursos naturais constituem-se um importante elemento a ser preservado diante das diversas pressões sobre suas riquezas. Considerando sua beleza cênica e suas potencialidades paisagísticas, constituem como potencialidade turística, contribuindo em sua conservação, retratada na figura do Ecoturismo.

Badaró (2003) cita que o turismo de natureza e o ecoturismo são reconhecidos como formas de turismo especialmente enriquecedoras e valorizadoras, sempre que respeitem o patrimônio natural e que as populações locais se ajustem à capacidade de carga dos locais turísticos. Neste contexto, apesar de haver planejamento adequado Degrandi e Figueiró (2010) afirma

a implantação de qualquer empreendimento turístico provoca alterações e impactos no meio ambiente, mas que apenas serão significativos na medida em que não levarem em conta a vulnerabilidade socioambiental local. (DEGRANDI E FIGUEIRÓ, 2010).

            Assim, o Ecoturismo deve iniciar seu planejamento baseado na manutenção dos elementos naturais existentes, considerando o turismo como integrador da sociedade no desenvolvimento da visão conservacionista e ambientalista da natureza que nos envolve.

Autores: Eduardo Pastorio e Fabiano Vedooto

Referências Bibliográficas:
BADARO, R. A. L. Direito do turismo: história e legislação no Brasil e no exterior. São Paulo: SENAC, 2003.
BRASIL. Lei Geral do Turismo. N° 11.771/08, de 17 de setembro de 2008.
DEGRANDI, S. M; FIGUEIRÓ, A. S. Ecoturismo e Conservação do Patrimônio natural: um caminho para o (des)envolvimento. Geografia: Ensino & Pesquisa. Santa Maria, v. 1 4, n. 1, p. 67- 76, 2010.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Ecoturismo: orientações básicas. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo. Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico. Coordenação Geral de Segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2008.
EMBRATUR/IBAMA. Diretrizes para uma política nacional de ecoturismo. Grupo de trabalho interministerial. Brasília, DF: MICT/MMA, 1994.
LICCARDO, A.; Patrimônio Natural e Turismo. Disponível em: < http://www.geoturismobrasil.com/Material%20didatico/Patrim%C3%B4nio%20Natural%20e%20Turismo.pdf>.
FONTOURA, L. M.; SILVEIRA, M. A. T. Turismo em Unidades de Conservação e Planejamento Territorial: Um Foco no Parque Estadual de Vila Velha – PR. Trabalho apresentado ao GT- 12 Turismo e Recursos Naturais do V Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL. Caxias do Sul, 27 e 28 de junho de 2008.
SILVA, O. V.; KEMP, S. R.; Turismo Sustentável: a importância da atividade turísticas como forma de sensibilização. Revista Científica Eletrônica de Turismo. Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2009 – Periódicos Semestral.